sexta-feira, 2 de setembro de 2011

“A VIDA NÃO ACABOU, SÃO DESAFIOS DIFERENTES”

Celso praticava mountain bike e natação. Isto foi vital para sua volta ao esporte, depois do mergulho em um banco de areia, escondido nas águas de nossa represa, durante trilha de gaiola (jipe adaptado), que resultou em fratura de coluna cervical. Não desmaiou após o impacto, pediu aos seus amigos para não movimentarem seu corpo, chamarem o resgate. Estava no último semestre de seu curso de engenharia de produção, bem empregado, com ótimos relacionamentos e muitos amigos. A sua família é atenta, participante. Celso ficou trinta dias entre UTI e internação, seguidos de período intensivo de enfermagem e fisioterapia em casa, sempre pesquisando informações e oportunidades de reabilitação em lesados medulares. Após quatro meses escolheu o serviço do Hospital Sara Kubitschek, seu corpo clínico prioriza casos recentes, a reabilitação é melhor quanto mais cedo começar o trabalho. E também alivia a angústia da família, que se sentia sem apoio. Havia muito que aprender. A pele precisa de cuidados especiais, para evitar feridas profundas derivantes de pressão contínua e pouco movimento do corpo. Existem formas melhores de sair da cadeira de rodas para a cama, para o carro, para a cadeira de banho. A dieta precisa ser pensada para o organismo que já não tem pleno comando de sua rotina da função intestinal e urinária. È preciso aprender a passar a sonda no canal urinário com segurança, controlando possíveis infecções. Foi extremamente produtivo conviver com muitos deficientes durante a internação, relativiza a dor, e aumenta o arquivo de idéias e soluções. Sorte já ser uma pessoa amante de esportes, o trabalho era aprender as adaptações (com direito a navegar com vela, fazer canoagem e natação, no lago Paranoá, em Brasília). Sorte ter namorada estudante de enfermagem dedicada a ponto de morar na casa de seus pais para melhor poder ajudar na adaptação, quando voltou dos quarenta dias de hospital. Deu em casamento feliz, agora já sonham em futuramente completar a família com um bebê. Celso conseguiu terminar sua faculdade, trabalha, dirige até seu trabalho, treina e compete em natação por Americana (sua lesão permite movimentos até a área do fim dos pulmões). Sorte a sua firma permitir no início a volta ao trabalho gradual instalando seu computador em sua casa, conectando sua equipe de trabalho. Depois da volta total permitiu estrutura de horário a ser compensada, adequadamente flexível para pessoa com deficiência. Celso é feliz, grato por quem luta com ele, e por ele. Moço de sorte? “Sorte é isto. Merecer e ter.” – Guimarães Rosa.

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