quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A falta que os intérpretes fazem na inclusão de alunos surdos

Devido à ausência deste profissional nas escolas, entidades do setor ainda defendem a Educação especial segregada até o fim do Ensino Fundamental

Cinthia Rodrigues

Em 2008, dos 64.150 alunos surdos recenseados pelo Ministério da Educação no Brasil, 54% estavam em classes regulares. Mas o primeiro levantamento que cruzará o número de intérpretes com as matrículas dos deficientes auditivos só deve ser feito este ano. Mesmo antes da divulgação dos resultados, especialistas e autoridades imaginam o que ele dirá: não há profissionais suficientes.
É por causa da carência que entidades do setor ainda defendem as escolas especiais segregadas até o fim do Ensino Fundamental. Em muitas unidades de ensino regulares, alunos surdos ainda estudam sem intérpretes, o que revolta integrantes da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis). "A inclusão não está funcionando", diz o diretor da entidade em São Paulo, Neivaldo Augusto Zovico. "Os professores estão despreparados e as secretarias de Educação não contratam intérpretes.
Os alunos acabam frustrados por não entender nada e desistem", reclama. A coordenadora do Programa de Acessibilidade da Derdic-PUC, Maria Inês Vieira, defende o mesmo ponto de vista. "Acredito em inclusão na sociedade, mas não na Educação Básica", diz. Ela explica que, para o aluno surdo, o português é uma segunda língua e deveria ser ensinado após a primeira, libras.
A diretora de Educação Especial da Secretaria de Educação Especial do MEC, Martinha Dutra, afirma que a inclusão total é uma questão de tempo. "Faltam profissionais porque tudo é muito novo. A própria regulamentação do intérprete no Ministério do Trabalho ainda está em curso, mas isso vai ser acelerado com a multiplicação do conhecimento de libras", argumenta.
Pela nova perspectiva de trabalho das autoridades, as instituições especializadas deixam de receber verbas por crianças atendidas de maneira segregada, em escolas especiais.
No novo modelo, essas entidades devem usar a experiência acumulada para ajudar a inclusão na rede pública, em contratos com estados e municípios, por exemplo. Outro fator que incentiva essa modernização é um decreto federal, assinado em 2008, que dobra o valor do  Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) para alunos com deficiência inclusos na rede regular, se atendidos pelo contraturno público e estudando regularmente com intérprete, como manda a lei.

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 221, Abril 2009, com o título Falar com as mãos

CONTATOS

Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação, R. Dra. Neyde
Apparecida Sollitto, 435, 04022-040, São Paulo, SP, tel. (11) 5908-8000

EE Nossa Senhora da Conceição, R. João Grumiché, 805, 88108-100, São José, SC, tel. (48)
3247-8195

EM Luiz Cândido da Luz, SC-403, km 3, 88070-220, Florianópolis, SC, tel. (48) 3269-6636

EM São Judas Tadeu, R. Pedro Portela, s/nº, 44255-000, Irará, BA, tel. (75) 3247-3827

Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, R. Santa Sofia, 139, 20590-140, Rio de Janeiro, RJ, tel. (21) 2567-4880

Instituto Nacional de Educação dos Surdos, R. das Laranjeiras, 232, 22240-001, Rio de
Janeiro, RJ, tel. (21) 2285-7284

Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, Esplanada dos Ministérios, bl. L, 6º andar, 70047-900, Brasília, DF, tel. 0800-616161

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.