terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Juntos, todos aprendem mais

Seis adolescentes com deficiência múltipla passam de uma classeespecial para turmas regulares de 6ª série, fazendo da inclusão parte importante da proposta pedagógica escolar

Denise Pellegrini

O zunzunzum que vinha do corredor e do pátio deixava os alunos da professora Jurema Dantas de Oliveira Hirsh agitados, curiosos, interessados em saber o que se passava fora da pequena sala, localizada embaixo da rampa de acesso ao primeiro andar.Aurilene, 15 anos, Bruno, 19, Evandro, 16, José Henrique, 19, Maílson, 17, e Rafael, 17, queriam estar com os outros, o que não acontecia nem mesmo durante o intervalo. Diagnosticados com paralisia cerebral, os jovens estavam matriculados em 2005 numa classe especial da EMEF Armando Cavazza, em Barueri, na Grande São Paulo. Ciente de que eles entendiam tudo à sua volta - apesar das dificuldades de comunicação e locomoção -, a professora decidiu iniciar um processo de inclusão, dando à turma o direito (previsto pela Constituição) de estudar em classes regulares.

O trabalho beneficiou toda a escola, que no ano passado acabou se tornando verdadeiramente inclusiva - suas instalações já eram preparadas para atender a quem tem dificuldades de locomoção - com a adaptação do projeto pedagógico à legislação vigente. O sucesso da idéia, uma das vencedoras do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 em 2006, se deve às estratégias utilizadas."Jurema viabilizou uma proposta que já deveria ter sido implantada em todas as escolas", afirma Daniela Alonso, consultora que participou da seleção do prêmio. Ela destaca a criação de condições para acabar com o preconceito: "A professora construiu as atividades etapa por etapa, planejando situações de sensibilização do grupo ao longo do tempo"(leia mais no quadro). Dos seis, apenas um já havia sido matriculado numa sala regular.

Os outros só conheciam as salas especiais. "A primeira coisa foi unificar o horário do recreio e
permitir que eles participassem da vida da escola", lembra Jurema. Percebendo o interesse, ela lançou um desafio:"Vamos mostrar que vocês são competentes". No início, a presença dos jovens causou estranheza. Os outros não estavam acostumados a conviver com colegas que tinham deficiência e mal deram atenção a eles.

Para que o relacionamento se tornasse mais estreito, a professora resolveu fazer o caminho inverso e abriu sua sala a todos. "Eu poderia continuar só cumprindo minha obrigação de professora de classe especial, mas não achava justo."Na porta, colocou um anúncio em que chamava para oficinas de artesanato, dança e teatro, oferecidas em parceria com as mães - que permanecem na escola para auxiliar na higiene e alimentação dos filhos. Os interessados foram chegando e participando das mesmas atividades que os seis. Logo a sala ficou pequena.Conforme aumentava a interação, a comunidade escolar se convenceu de que eles poderiam participar das aulas regulares.

Conquistar a equipe

Jurema apresentou seu projeto aos professores, afirmando que o grupo era capaz de acompanhar uma turma e que todos lucrariam com a nova situação.No início, alguns ficaram receosos, como Aline Angélica Lima Nonato, de Língua Portuguesa. "Eu estava assustada, mas depois passei a agradecer por essa oportunidade de crescimento." Ao encampar a idéia, ela propôs uma atividade importantíssima para o processo de inclusão: um trabalho com biografias em que os retratados eram justamente os alunos da classe especial.

Para ler esta matéria na íntegra, clique aqui

Fonte: Revista Nova Escola


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