segunda-feira, 28 de maio de 2012

Familia Acolhedora

Se você encontrar em local público ou privado, de uso coletivo um cachorro com uma plaqueta presa à coleira com a inscrição “Cão Guia em Treinamento” (ou um colete indicando esta condição), procure agir com naturalidade, existe amparo legal para ele estar neste lugar, mas você não deve brincar, falar com ou tocar este animal, pois está em horário de serviço.

Seu acompanhante humano provavelmente não é deficiente visual, mas está treinando este cão a partir de seu terceiro mês de vida em obediência básica (sentar, deitar, andar junto, direita, esquerda, etc.) prestando importante trabalho voluntário, faz parte de família acolhedora. Estas famílias recebem instruções claras de treinadores sobre como proceder nesta fase e na adiantada, a partir do sétimo mês, adestrando na rua, ensinando como passar em obstáculos ou níveis de altura e largura diferentes, e na travessia de sinais, em diferentes ambientes sociais. É treino programado, buscando a maior diversidade possível de lugares, com número de situações semanais pré-determinadas.

Este belo trabalho e agradável convivência (é animal escolhido por ter características de personalidade adequadas, isento de agressividade) têm data marcada para acabar – aos doze meses será entregue (sem volta) para a equipe de treinamento específico trabalhar.

Aqui reside o grande desafio do projeto para a família, conviver, desenvolver uma bela relação com o cachorrinho e conscientemente doar todo este trabalho para quem precisa mais destes olhinhos que tem quatro patas. O treinamento avançado deve acontecer dos 10 aos 30 meses, quando a maturidade permitirá a concentração necessária para conduzir a pessoa com deficiência visual, desviando de objetos não previsíveis como orelhões, galhos de árvore, e sendo pacífico com crianças, pessoas estranhas e outros animais. Em situações de risco este cão precisa até ter a inteligência de desobedecer ordem que pode gerar perigo para seu dono.

A etapa final consta de período em que o cachorro escolhe seu futuro dono, para dar início ao período de adaptação, em que serão finalmente treinados em conjunto. Todo este processo pode durar até dois anos. Os benefícios são um grau maior de mobilidade (velocidade e desenvoltura), segurança na locomoção, independência, e acesso facilitado ao mercado de trabalho para o deficiente visual. Existe fila de espera (longa), os cães são treinados e cedidos para seus futuros donos sem custo, mas ainda é recurso possível para um a dois por cento dos deficientes visuais, segundo estatística internacional. “Ninguém pode se queixar da falta de um amigo, podendo ter um cão.”- Marques de Maricá.


Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência, colaboradora do “O Liberal”.

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